Bolsonaro não tem mais utilidade para os militares e está sendo descartado, aponta Cristina Serra
"Alcançou grande
repercussão a carta do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres,
cobrando de Bolsonaro uma retratação diante de suspeitas infundadas a respeito
de decisões da agência sobre vacinas. Barra Torres vem se afastando do presidente,
mas daí a considerar que estão em campos opostos vai uma longa distância",
escreve a jornalista Cristina Serra na Folha de S.Paulo.
A jornalista avalia que a
posição agora adotada por Barra Torres faz parte de "movimentos
oportunistas". "Agora que Bolsonaro derrete nas pesquisas, outros
tomam atitudes que contrariam o chefe. O comandante do Exército, Paulo Sérgio
de Oliveira, determinou a vacinação contra a Covid para que militares retornem
ao trabalho presencial. E proibiu que divulguem notícias falsas em redes
sociais. Oliveira foi quem poupou o general Pazuello de punição quando este
participou de um ato com Bolsonaro, em evidente transgressão disciplinar".
"Outro exemplo é o
ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que toma ares de democrata ao
assumir cargo no TSE. É o mesmo que celebra o golpe de 1964 e que jogou
dinheiro público no lixo ao autorizar a produção de cloroquina no laboratório
do Exército".
"São movimentos
oportunistas, típico "reposicionamento de marca" de uma parcela dos
militares. Bolsonaro não serve mais como instrumento de seu projeto de poder e,
ao que parece, eles irão buscar alternativas. Isso não os torna menos golpistas
nem anula o fato, negativo em todos os sentidos, de que estão fazendo política
quando deveriam estar nos quartéis".
Brasil247