TSE: Moraes marca julgamento da inelegibilidade de Bolsonaro para 22 de junho
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro
Alexandre de Moraes, anunciou que o julgamento da Ação de Investigação Judicial
Eleitoral (Aije), que poderá tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível
por oito anos, foi marcado para o dia 22 de junho, informou o Metrópoles. O caso em questão refere-se aos ataques proferidos por
Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro durante uma reunião com embaixadores
em julho de 2022.
A inclusão da Aije na pauta do TSE ocorreu após o ministro Benedito
Gonçalves, relator do caso, dar sinal verde para o julgamento no dia 1º de
junho. Durante a referida reunião com os embaixadores estrangeiros, Bolsonaro
questionou a integridade do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas,
repetindo argumentos já desmentidos por órgãos oficiais, sem apresentar provas.
Na ocasião, ele enfatizou a necessidade de eleições "limpas" e
"transparentes" para aquele ano.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) manifestou-se
favoravelmente em maio a que Bolsonaro seja impedido de concorrer nas eleições
de 2026 e 2030, alegando abuso de poder político. O abuso de poder político é
uma conduta ilícita em que o investigado se aproveita do cargo para influenciar
o eleitorado.
A ação em julgamento, movida pelo Partido Democrático Trabalhista
(PDT), sustenta que Bolsonaro, durante a reunião com os diplomatas, fez um
discurso amplamente divulgado na internet e transmitido pela TV Brasil, no qual
alegou a ocorrência de fraudes no sistema de votação digital utilizado no país
desde 1996.
Além disso, o processo investiga o vazamento de dados sigilosos
provenientes do ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem como a
descoberta de uma suposta "minuta do golpe" na residência do
ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres. A Corte está investigando
se existe uma conexão entre esses eventos, visando desacreditar o sistema
eleitoral.
O ministro Benedito Gonçalves encerrou a fase de coleta de
provas da Aije em 31 de março, destacando que todas as evidências relevantes
foram reunidas no processo, após a realização de cinco audiências e a obtenção
de todos os documentos, inclusive aqueles de caráter sigiloso.
Gonçalves também incluiu na Aije a minuta de um decreto contendo
um suposto plano para um golpe de Estado, encontrada na residência de Anderson
Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que está preso em Brasília.
Recentemente, ainda nos Estados Unidos, Bolsonaro admitiu a
possibilidade de se tornar inelegível, ironizando a situação ao declarar:
"Eu não tenho uma denúncia sequer de corrupção, zero. O processo que será
julgado pelo TSE é resultado da reunião que eu fiz com os embaixadores no ano
passado, foi um 'crime' que eu cometi. Mas, infelizmente, em alguns casos, no
Brasil, você não precisa ser culpado para ser condenado".
Brasil247